A Polenta como forma de expressão
da cultura popular italiana

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Autora: Giovanna Piffar

A presente pesquisa buscou investigar um prato da culinária italiana, a polenta. Escolheu-se como delimitação espacial o bairro italiano de Santa Felicidade, antiga colônia italiana, por apresentar ainda hoje vínculos com as suas tradições, costumes, que embora tenham sofrido mudanças diante da modernidade buscam a manutenção do passado através de uma tradição comum, a comida típica do imigrante italiano vêneto. O objetivo desta monografia foi verificar de que maneira os descendentes de imigrantes italianos vênetos do Bairro de Santa Felicidade se apropriam de um elemento gastronômico como forma de expressão de uma cultura popular italiana. Percorrendo a trilha da memória foi possível entender o significado dado à polenta, através da técnica da história oral.

Para as primeiras famílias de imigrantes italianos oriundos da região norte da Itália, a compra de um pedaço de terra significava o início da realização de um sonho “fare la Merica”, e assim nascia a Colônia de Santa Felicidade. Traziam consigo não só esperanças, mas também seus hábitos nativos, e são justamente seus hábitos alimentares que resistem às transformações ocorridas diante de uma nova vida. Encontram na comida toda uma simbologia, uma forma de resistência ao processo de aculturação, auxiliando na formação deste grupo étnico. Reafirmam sua italianidade através da sua culinária, de modo especial por intermédio de um prato, a polenta, um símbolo de identificação para os seus descendentes.

A polenta era reconhecida como comida de carestia pelos italianos em situações de penúria na Itália no período pós-unificação como também para as quinze primeiras famílias de imigrantes italianos instalados na Colônia de Santa Felicidade em 1878, diante das dificuldades encontradas para a obtenção dos meios de subsistência. A polenta de um alimento biológico passou a se constituir em um prato típico da culinária italiana. Nesse sentido, foi possível empreender a análise desta pesquisa, a qual, os descendentes de italianos vênetos do Bairro de Santa Felicidade estão enraizados neste sentimento de pertencimento ao grupo que conserva heranças do passado, perpetuadas na sua gastronomia através dos rituais locais que são as festas típicas do bairro, como também nos restaurantes do bairro que servem a típica comida do imigrante italiano, tendo na polenta seu carro chefe, responsável por transformar o Bairro de Santa Felicidade no centro da gastronomia italiana de Curitiba, referência gastronômica. Cultuar uma tradição implica na reconstrução da identidade étnica, o que, por sua vez, implica na invenção das tradições.

Palavras-chave: Alimentação, imigração italiana, tradição, etnicidade, memória.

 

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