Influência do imigrante nipônico no hábito alimentar brasileiro: hábitos alimentares dos descendentes associados à Associação Cultural Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba

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Karina Yoko Homma – Nutrição UFPR
Orientador: Prof. Carlos Roberto Antunes dos Santos 

No dia 18 de junho de 2008 será comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil. Desde 1908, cerca de 250 mil nipônicos desembarcaram em terras brasileiras com o objetivo de enriquecer com os “frutos de ouro” e voltarem ao Japão com a promessa de vida farta. Vários foram os empecilhos que dificultaram a volta dos nipônicos à terra natal. A possibilidade de se tornarem pequenos proprietários de terras funcionou como principal argumento à permanência dos nipônicos e consequentemente à constituição de famílias em solo brasileiro.  Inicialmente vieram como colonos para as fazendas do interior de São Paulo e Minas Gerais e mais tarde migraram para os estados do Paraná, Mato Grosso e arredores da capital paulista.
O Paraná atualmente é o segundo estado de maior concentração de descendentes nipônicos no país apesar de o Porto de Paranaguá nunca ter recebido levas de imigrantes japoneses. O fato foi que a fertilidade do solo, aliado ao baixo preço das terras paranaenses funcionaram como um atrativo para a fixação dos imigrantes japoneses.
No estado se fixaram primeiramente no litoral como pequenos agricultores seguidos da capital e região metropolitana, onde atuaram principalmente em ocupações urbanas, e por último a região norte onde atuaram como colonizadores e agricultores do café.
A fixação definitiva em terras estrangeiras implicava em adoção de novos hábitos e conseqüente aceitação de uma nova cultura a fim de fazer parte da sociedade brasileira. Dentre os imigrantes o japonês foi quem mais se desfez de seus costumes, devido à grande diferença de cultura nos dois países. Entre as mudanças ocorridas está a adoção de novos hábitos alimentares, a introdução de novos ingredientes e modos de preparação tão distintos do habitual.
Os japoneses passaram então a preparar comida japonesa com ingredientes brasileiros, ou seja, adaptaram de acordo com a disponibilidade de ingredientes. Muitas dessas preparações foram sendo repassadas aos filhos contribuindo para a formação da identidade e memória alimentar desses brasileiros de costumes e hábitos japoneses. Entretanto, não era apenas em casa que os filhos aprendiam a manter as tradições, havia também as associações nipo-brasileiras que foram sendo construídas na maioria das cidades em que a “colônia” japonesa esteve presente.
Dentre essas associações está a Associação Cultural Beneficente Nipo-brasileira de Curitiba, local onde foi realizado este trabalho. Foram feitas entrevistas referentes aos hábitos alimentares dos descendentes japoneses especificamente o que é hábito comer no dia-a-dia, finais de semana e nos dias de festa a fim de verificar se há a preservação da tradição culinária nos ingredientes, preparações ou modos de preparo. Uma vez que segundo os estudiosos da alimentação, o hábito alimentar na aculturação é o que mais resiste á mudanças.
 A conclusão do trabalho foi que a manutenção dos hábitos alimentares está presente ao menos sutilmente na maioria dos descendentes.  No dia-a-dia e finais de semana foi possível observar na maioria dos depoimentos a presença do arroz branco e temperos típicos a base de soja. Nos dias de festa a maioria relatou a presença marcante de tantos pratos típicos brasileiros como japoneses demonstrando a mistura de preparações nas preferências alimentares. Muitos dos entrevistados afirmaram que consideravam a comida japonesa como a comida do passado e que devia ser mantida porque faz parte da origem de cada um, no entanto, poucos afirmaram que sabem como preparar a comida que a mãe ou a avó preparavam. Enfim, talvez por comodidade e praticidade seja mais fácil comprar. Com isso se perde o sentimento de quem prepara, de como se prepara, para apenas restar o gosto de um alimento típico comercializado.

Palavras chave: imigração japonesa no Paraná, horticultura, Hábitos alimentares.

 

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