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"Em defesa da comida - Um manifesto" de Michel Pollan.

Cristina Sokoloski

Será que o que nos dizem sobre os alimentos que ingerimos é realmente verdade? Essa é uma das discussões colocadas em pauta no livro “Em defesa da comida – um manifesto” de Michael Pollan.

As diretrizes nutricionais que seguimos desde a década de 50, são postas em xeque a partir de estudos que contestam a real eficácia dessas dietas para a nossa saúde.

Será que a substituição do consumo de gorduras saturadas pelo poliinsaturadas realmente diminuem o risco de doenças coronarianas, ou será que o menor número de mortes por essas causas está diretamente ligado ao fato da evolução do sistema médico?

Com o decorrer dos anos e o aumento populacional desenfreado, viu-se a necessidade de produzir alimentos de maneiras mais rápidas e em maiores quantidades. Porém, essa alta demanda por alimentos, e subjetivamente de fontes rápidas e baratas de energia, não teve o acompanhamento da qualidade dos itens que levamos à boca.

Com base na justificativa de que glicose é o principal combustível para o funcionamento do cérebro, nos foi sendo estimulada a idéia de consumirmos mais alimentos com este nutriente, sendo que hoje em dia a dieta ocidental se restringe quase que totalmente às principais fontes de glicose, ou seja, ao consumo de grãos e derivados.

Mas, ao que constataram vários estudos, a qualidade do solo não conseguiu acompanhar a alta produtividade requerida pelo homem, e assim a qualidade dos alimentos que ingerimos hoje não é a mesma dos nossos pais e avós.

Os tratamentos empregados aos alimentos para reduzir as perdas pelo longo tempo de estocagem e aumentar o valor comercial, contribuem para uma maior diminuição dos nutrientes pré-existentes, aos quais são essenciais para a manutenção de um corpo sadio.

Assim sendo, constatou-se que comemos cada vez mais e com menos diversidade e qualidade, o que proporciona o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças coronarianas.

Com essas justificativas Pollan conclui seu livro ditando conceitos de como se alimentar de maneira mais saudável, com dicas de como realizar essa transição de uma alimentação regrada e pouco diversificada, para uma com melhor quantidade e qualidade.

“Coma comida. Não em excesso. Principalmente vegetais” – esta é a frase que inicia o livro e a qual é exemplificada para que haja uma aceitação do leitor à nova prática de se alimentar, que não é a mais fácil, mas é a que se torna mais prazerosa, pois há o incentivo ao ato de cozinhar, de se alimentar entre pessoas queridas, comer alimentos de verdade e não meras propagandas, etc.

Ousar nos tipos de alimentos postos à mesa; fugir das regras que a sociedade ocidental estipulou; voltar a comer com tempo, sem medos e preconceitos e com qualidade; esses são alguns entre tantos passos para se ter uma vida social, física e psicológica saudáveis.
 
Serviço:
Em defesa da Comida- Um manifesto
Autor: Michael Pollan
Tradução: Adalgisa Campos da Silva
Páginas: 271
Editora: Intrínseca, Rio de Janeiro, 2008.

 

Universidade Federal do Paraná - História da Alimentação